Instantes Perdidos

Instantes que se perdem na vida rodopiante e alucinada... Instantes escritos em poesia na busca da perfeição.

quarta-feira, novembro 17, 2004

Uma Musa Chamada MORTE



Passou por mim leve e fresca.
Esta grande mulher
Fiquei parado, por tal fêmea.
Sentia-a no corpo hirto.
Admirei seu passo solto e rarefeito,
Os montículos do corpo em grito,
Cada bambolear dela, num corpo perfeito
desenhado a pena, do frio que sinto.

A sua presença mostrava uma personalidade
fortemente entrincheirada.
Sabia de onde vinha e para onde ia,
E a mim ficou ligada.
Cabelo invisível e longo, porte nobre e altivo,
mas dotada de uma energia rude,
Traço da face não via, exótica sem motivo,
Uma pele clara e fresca, respirando saúde.
Estiquei as mãos e a senti. Já a sentia no corpo.
Em momentos todos se afastaram,
Na rua crescia um silêncio profundo,
As nossas mãos se colaram,
Como se estivéssemos sós no mundo.
Sentia uma corrente percorrer o meu corpo,
O teu corpo sentia no meu bem fundo
Parecia que rodopiava no ar.
Era uma sensação fria, tão fria.
Que acabei a chorar.
E nada mais sentia.


Assin: Artur Rebelo (2004-11-16)


Imagem é um desenho do pintor Eugenio Prati chamada Morte