Instantes Perdidos

Instantes que se perdem na vida rodopiante e alucinada... Instantes escritos em poesia na busca da perfeição.

domingo, dezembro 05, 2004

Em silêncio




Uma presença inexistente,
Um calor enevoado
Dum cinzento insistente,
Olhos fechados,
Mas com a luz premente,
Quarto vazio apagado,
De corpos ajuntados,
Com trejeitos de dor e prazer.
Olhos esgazeados,
Pelo teu sabor e por te aprender.
Terás aparecido?
A luz tende a aparecer,
Os olhos continuam fechados,
Quero saborear o teu ser,
Por mais mil Obrigados
O medo cresce e toma forma,
Saudade e desespero.
Conheci-te
Quero viver-te
Lamber-te
Mostrar-te
Quem sabe ter-te*,
Mas no fim apenas amar-te...

Com um beijo,
Com um abraço,
Com um sorriso,
Mas sem um compromisso a cumprir.
Temo isso!
Choro,
Tal choro silencioso chamado dor.
Sou insano, não fugiste,
Estás aqui...
És palpável,
És maleável,
És cortante que me fere o corpo e alma,
És errante e me amas com muita calma,
Que me enfraquece músculos e mente,
Que me dominas por mais que eu tente,
Que me cora todo o rosto,
Que me eleva deixa deposto,
Que me deixa com uma esperança premente.
És linda, és minha, és tão quente.
Por ti,
Fico sem fracassos,
Fico sem embaraços,
Apenas e só pelos teus traços,

És a esperança que me incentiva a viver,
És o espírito que me incentiva a respirar,
E aos teus olhos rever,
O teu pescoço cheirar,
O teu sexo ter,
Aos teus lábios beijar,

Antes, sem amantes,
Outrora sem mulheres,
Agora amo-te. O que queres?
Sem precedentes, sem amores passados,
Sem paixões fugidias do dia-a-dia.
Enquanto moribundo e fraco,
Jazia na cama desconfortável e fria
Agora no sentido mais lato
Sinto-me quente, é tudo o que queria,

Parei, pensei,
Quero-te,
Amo-te,
Tenho-te,
Esqueço-te,
Talvez por esta ordem, não o sei
Nuns minutos de paixão,
Após anos de felicidade,
Vêm os séculos de solidão,
Estamos presos sempre no tempo,
Mas estamos soltos no pensamento,
Evito neste momento, qualquer pensamento,
Pois fecho os olhos, solto a alma do ser,
O coração para de bater,
Sinto a respiração a parar,
Sinto a mente a esvanecer,
Sinto o corpo a gelar,
Sinto a esperança a cair,
Morri.
Pior que a morte,
É ficar sem ti.
Beijas-me a face e partes
Sem olhar mais para mim,
Lágrimas e um beijo,
Consolo de vida sofrida
Agora sem desejo,
No profundo de uma vida,
Encontrada nos teus braços.
Terminaram os embaraços,
Esta vida sem canseira.
Recordas-me, fotografia no móvel,
de amado na cabeceira,
Vertes lágrimas sem ninguém olhar,
Sorrisos parecidos com esgar,
Amor morto é como pássaro sem asas,
Existe mas não pode almejar voar.
Espero-te!
NUMA NOITE DE LUAR
Virei buscar-te,
E levar-te-ei para um lugar,
Tão lindo, propenso e denso,
Onde nem sonhas alcançar.
Aí ficaremos para sempre em silêncio.


Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colecção de poemas "dores")