Estátua
Imóvel é um vento a soprar dançante,
Imóvel é o tempo a passar em esforço,
Imóvel é a vida a escoar num corpo...
Imóvel mas eu não sei o porquê?
Parados numa agonia errante,
És tu, sou eu, somos o quê?
Porque deixo o tempo passar?
Porque me deixas naufragar?
Porque te amo e não o digo?
Porque me amas e envelheces?
Imovel sou e mais imóvel fico.
A vida a escoar,
Um dia, o folgor irá acabar?
Será por maldade?
O que será este parar?
Será por inutilidade?
Será? Tentar e para quê?
Sonhar e para quê?
Viver e para quê?
Para depois voltar,
Poder voltar a tentar...
Vidas perdidas,
Vidas lutando,
Trabalhando, rastejando,
Lutas, discussões,
Choros, destruições,
Soluços, lamentações...
Contas feitas,
Vidas desfeitas,
Oportunidades estilhaçadas,
soluções nunca encontradas...
Mas no fim, vidas vividas.
Imóvel, apenas imóvel sou,
Não vivo, imóvel estou,
Não me declaro e não me dou.
Imóvel serei e nunca realmente amei.
Assin: Artur Rebelo (2004-11-18)
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