Conheciam-se desde pequenos, tendo compartilhado o primeiro sorriso, os primeiros passos e a primeira festa de aniversário.
As descobertas naturais da infância fizeram-nas em conjunto, com o mesmo espanto e admiração. Um brilho especial iluminava-lhes o rosto quando tudo era novidade.
Andavam sempre juntos, cresciam juntos, ninguém os separava.
Quando os pais se juntavam dormiam no mesmo quarto e sempre de mão dada.
Os anos foram passando e aquela amizade entre ele e ela nunca se desvaneceu.
Entraram agarradinhos e com medo na escola primária, defendendo-se do que pensavam ser um perigo em cada esquina. Até arranjarem novos amigos, ele ensinou-a a jogar futebol e ela a brincar com as bonecas; iam alternando as brincadeiras e nunca se aborreciam.
Com o passar dos anos, a amizade fechada deles permitiu que outras pessoas entrassem naquele mundo só seu. Tinham muitos e bons amigos e, no liceu, nunca andavam sózinhos. Contudo, o mundo deles permanecia ali, paralelo a toda a existência real. Nesse mundo, as palavras não eram necessárias, apenas um olhar e a troca de pensamentos e estavam entendidos. Por muitas pessoas que se acercassem deles, que partilhassem a sua vida, havia um elo que os unia e era inquebrável. Nada havia de os separar porque aquela união já não era de agora.
Vieram os anos da faculdade, em cursos diferentes, das saídas à noite e dos namoros.
Aconselhavam-se, apoiavam-se e mimavam-se como sempre. Ninguém entendia aquela união nem eles faziam questão de a traduzir para alguém; apenas sabiam que o outro estaria sempre ali. Para tudo e para nada.
No entanto, com a entrada na vida profissional, tudo mudou naquelas vidas.
Os namoros passaram a casamentos, e chegaram os filhos.
Os dias não se estendiam, o tempo voava e raramente se viam.
Mas continuavam a viver um no outro, a troca de pensamentos era constante, e sempre sentiam a alegria, a tristeza, a frustração e o sucesso do outro.
O tempo e a vida afastou-os e passaram anos sem se voltarem a ver.
Mas realmente não precisavam disso, porque bastava um deles pensar no outro e logo sabia como estava. Porque o tempo e o espaço não podem limitar aquilo que as almas sentem. A vida passou e eles continuaram naquele mundo só deles, onde podia haver ausência física mas os seus espíritos estavam sempre juntos.
LadyFullMoon