Instantes Perdidos

Instantes que se perdem na vida rodopiante e alucinada... Instantes escritos em poesia na busca da perfeição.

domingo, novembro 28, 2004

Lábios de mar

Aprender a gemer,
sentido apenas a brisa do mar,
Aprender a chorar,
Quando deixo de o ver...

Um ensejo, pelo teu beijo.

Assin: Artur Rebelo (Dedicado a alguém muito doce)
Sim a nossa grande amiga publicou mais um poema da curta lista dela, pena que não escreva mais poesia.

Assim como esta página "Instantesperdidos" é muito dela. Porque ela criou-a para mim, porque ela criou-a para a nossa amizade. E porque ela é muito sensível e adoro-a como uma das melhores amigas que tenho.

Só posso recomendar que leiam o poema dela que está no seu blogue vão lá ver!

O que acham do poema dela?

Assin: Versejador (A. Rebelo)

Perguntas...

A chorar na escuridão,
Estava alguém que cora,
Sem saber que um não
Estava presente. Quem chora?

A correr na Solidão,
Estava alguém diferente,
Sem sequer te ter na mão,
Quem geme estando carente?

A gritar num canto,
Estava alguém no escuro,
Corpo de diabo, alma de santo,
Quem alivia a alma no duro?

A contemplar num morro,
Estava alguém no dito lugar
Quem pede por socorro?
Alguém que aspira impuro ar

A pedir numa cidade,
Estava alguém vencido,
Corpo de fome, rugas de idade,
Quem estará perdido?

A viver na floresta de dor
Estava alguém sozinho
Alguém que odeia o amor,
Quem se apaixonou por vinho?

A olhar a água desta ria,
Está alguém na neve de marfim,
Sonhos perdidos num só dia.
Quem morreu e está no fim?

Noite, espessa e escura,
Escura, fria como o breu,
A vida desse alguém é dura,
Esse alguém é poeta e sou eu.

A tristeza e o teu não,
A pobreza da minha alma,
Perdida no tempo esta paixão,
Preso a um cemitério que me salva.

Aponto o dedo a ti e a mim,
Aponto o dedo à lamina afiada,
Aponto o dedo àquele jardim,
Morri e por mim serás sempre amada.


Assin: António Moreno (Poema incluído in "Dores")

Olhar.

Adoro uma expressão do olhar,
Não quer dizer absolutamente nada,
Olho e olho e não retiro o meu olhar,
Não quer dizer que esteja a amar,
Apenas a prescrutar o interior da alma.

Quer que não quer os olhos afastar,
Apenas tento descobrir algo mais
Os olhos são belos como o imenso mar
Por mais que olho não afasto o olhar,
Sim porque são os teus olhos os tais.

Assin: António Moreno

Homens que vivem.

Não perder nada da vida é bom
Tal párias que nascem e suam
Quando são recusados amuam,
Mas vivem e fazem dela um dom.

Aqueles que,
Pensam no amor lá longe no rio,
Pensam sobre tudo o que é bom,
Falam que no Inverno têm frio
E sorriem sobre peidos com som.

Aqueles que,
Pensam na hora de encher a barriga,
Trabalhadores, mendigos, doutores,
Pensam no amor de alguma rapariga,
E por todas estão perdidos de amores.

Aqueles que,
Pensam nos filhos sentados à mesa,
Conhecem sombras na estrada da vida,
Fustigados pelo sopro da natureza
Fazem da alma demasiado sentida,

Aqueles que,
São escória de todas as ruas,
Fazem do corpo chagas e postigos,
Adoram as mulheres a quando nuas,
Adoram folias mas não têm amigos.

Aqueles que,
Têm frio, calor, coragem e medo,
Apercebem-se dos anos a passar,
Muitas vezes até morrem cedo,
Sentem e sabem o que é chorar.

Aqueles que,
Sentem os cheiros que andam no ar,
Riem, choram, por vezes ficam aquém,
Sabem o que é perder e voltar a tentar,
Mas estão sempre no coração de alguém.

Aqueles que,
Perdem-se na estrada sem indicação
Refugiam-se na droga, jogo e bebida
Mas mesmo assim sabem dizer não,
À traição do filho pela mãe-vida.

Aqueles que,
Nem conhecem o mundo nem o mar,
Nascem dum buraco e voltam a outro,
Envelhecem com os anos a passar
Um dia morrem e o espírito é solto.

Aqueles que,
Vivem duro mas adoram o viver do ser,
São os homens vividos como as feras,
Fogem do tempo mas acabam por morrer,
Sempre iguais com o passar das eras.

São homens, são aqueles que vivem...

Assin: António Moreno (incluído in “Dores”)


segunda-feira, novembro 22, 2004

Apenas Sofia

Não me lembro, o porquê já não sei
De viver, sentir, olhar o sol e a lua,
Choro sem lágrimas, talvez apenas uma,
ignoro a razão, o que fiz, porque pequei.

Simplesmente sei, tu e a tua beleza,
Apenas sei, que mais te quero e queria,
és tu simples de riso, és tu a melodia
Amo sem estar contigo, é uma tal rudeza.

Não me magoes, não me faças sofrer.
Que digo eu? Sem ti apenas sofria
Sem ti não poderei nunca saber viver

Esperando talvez ter melhor sorte,
Descobrir a imensidão tua, Sofia,
O mais rápido possível, senão a morte.

Assin: António Moreno
(e sim é um soneto)

domingo, novembro 21, 2004

Um Retrato




A destruição será o meu eterno mundo,
Poeta é um pássaro, livre como o vento.
Tem toda a rudeza, espírito e sentimento,
Para a sua poesia e o seu verso imundo.

Louco por amor ou por um beijo fundo,
Por isso o Poeta é homem de desventuras,
Curas não há e seriam muito duras.
Por isso poeta és versejador profundo.

Eu apenas sei que vale a pena nascer,
No fim dum verso e no meio do espírito.
Eu já não sei se vale a pena viver,

Apenas sei que no fundo irei morrer,
Após palavras, momentos no fim o grito,
Nasci, vivo e morrerei a escrever.

Assin: António Moreno (2004-11-20)

Pintura da pintora Camila Hamdan

Melodias



Rosa a começar,
Desejo de embalar,
Alma dormente,
Vontade de mostrar.
Destinos emancipados,
Espíritos trespassados,
Momentos começados,
Corpos molhados.
Finge... E porquê?
O que é simples, o que é cruel,
Qual a diferença entre a virgem
E uma mulher de bordel?
Os olhos, os seios, as mãos
Os desejos, os sonhos, os nãos
Ai Sonhos... Visões da alma,
Repentes do corpo, espasmos da mente,
Saudades do nojo que é ser puro.
Será? Serão saudades, ou então não.

Corações batendo,
Simplesmente batendo,
Tal jardim cuidado
Tal uníssono correndo,
Uma simples borboleta
Dança ao vento,
Esvoaça tal alma nessa rosa
Rosa espinhosa que me embaraça
Rosa espinhosa tão linda, perfeita,
Apenas um momento
Apenas um olhar me deita.
Melodias dos teus olhos,
Que me vais fazendo,
Espasmos de seita
Abraços aos molhos,
Chegas-te assim,
Orgasmos em vagas,
O corpo se dá até ao fim,
Sonhos cor da dor,
Mãos envolvem-se,
Outra alma, outro amor.
Não há descrição deste sonho.
Lascivo insecto numa flor.
Qual é o meu fim?
Será que me perdi?
Ou somente me destruí?
Sonhos cor de dor,
Tu rosa, borboleta numa flor,
Outra alma, outro amor.
como um calor ausente,
Como um simples beijo desta minha mente...
Apetece-me gritar,
Espumar, esbracejar,
destruir, dilacerar,
fazer tudo ao meu alcance
para a amor abrandar.
Acordo!!! Estou insano.
Estou insano de amor
Dividiste-me num só momento,


Dedicado à Lúcia
Assin: Artur Rebelo (2004-11-18)

Foto original de Débora Roundita e trabalho gráfico de Olga Fonseca

Paredes



Paredes feitas de cortinas
Sujas como as minas,
Como se de pedra quisessem ser.
Paredes feitas de ruínas,
Ruínas caiadas em dor do saber.
Paredes jazendo sozinhas,
Mas que vida já chegaram a ter.
Destroços de outros tempos,
Lá dentro passaram mil pensamentos
Peças de outros lugares, outros ventos
Refúgio de casados e de amantes,
No tempo amado dos espectantes.
Paredes a esmorecer.
Alguns encontros desastrados,
De amores almejados,
De espíritos apaziguados,
De lábios descarnados,
De lágrimas a correr.
Por amores desfigurados
Estas paredes foram e são,
As minhas paredes, as de paixão
as paredes de um ser.


Assin: Artur Rebelo (2004-11-13)

Estátua



Imóvel é um vento a soprar dançante,
Imóvel é o tempo a passar em esforço,
Imóvel é a vida a escoar num corpo...
Imóvel mas eu não sei o porquê?
Parados numa agonia errante,
És tu, sou eu, somos o quê?
Porque deixo o tempo passar?
Porque me deixas naufragar?
Porque te amo e não o digo?
Porque me amas e envelheces?
Imovel sou e mais imóvel fico.
A vida a escoar,
Um dia, o folgor irá acabar?
Será por maldade?
O que será este parar?
Será por inutilidade?
Será? Tentar e para quê?
Sonhar e para quê?
Viver e para quê?
Para depois voltar,
Poder voltar a tentar...
Vidas perdidas,
Vidas lutando,
Trabalhando, rastejando,
Lutas, discussões,
Choros, destruições,
Soluços, lamentações...
Contas feitas,
Vidas desfeitas,
Oportunidades estilhaçadas,
soluções nunca encontradas...
Mas no fim, vidas vividas.

Imóvel, apenas imóvel sou,
Não vivo, imóvel estou,
Não me declaro e não me dou.
Imóvel serei e nunca realmente amei.


Assin: Artur Rebelo (2004-11-18)

quarta-feira, novembro 17, 2004

"..."

Nostalgia, que me abraças.
Em teu leito me deito,
Profunda em desgraças,
Que não há direito.


Escrito por aí por mim... A.R.

Delim Delão...




Delim delão,
Toca a sineta

Delim delão
Tal pandeireta.

Delim delão
Toca uma vez,

Delim delão
e toca mais três.

Delim delão
Ninguém atende.

Delim delão
Assim ofende,
Ouvidos dos vizinhos.

Delim delão
Já cheiinhos
Que gera confusão.
- Não vê que não está?

Delim delão
- É missiva urgente!

- Já chega, não já?
- Já não estou contente.

Delim delão
Chora a criança.
- Já está...
...acordou o puto.

Delim delão
- Desculpe lá,
Esta constância,
É caso de luto.

- Ah podia ter dito.

Delim delão
- É coisa de grito
- Morreu-lhe o Irmão.

Delim delão.
Alguém abre a porta
E cai ao chão,
Não está morta,
Foi aperto do coração.

Assim,
É o fim do
Delim Delão.


Assin: António Moreno (2004-11-09)

Uma Musa Chamada MORTE



Passou por mim leve e fresca.
Esta grande mulher
Fiquei parado, por tal fêmea.
Sentia-a no corpo hirto.
Admirei seu passo solto e rarefeito,
Os montículos do corpo em grito,
Cada bambolear dela, num corpo perfeito
desenhado a pena, do frio que sinto.

A sua presença mostrava uma personalidade
fortemente entrincheirada.
Sabia de onde vinha e para onde ia,
E a mim ficou ligada.
Cabelo invisível e longo, porte nobre e altivo,
mas dotada de uma energia rude,
Traço da face não via, exótica sem motivo,
Uma pele clara e fresca, respirando saúde.
Estiquei as mãos e a senti. Já a sentia no corpo.
Em momentos todos se afastaram,
Na rua crescia um silêncio profundo,
As nossas mãos se colaram,
Como se estivéssemos sós no mundo.
Sentia uma corrente percorrer o meu corpo,
O teu corpo sentia no meu bem fundo
Parecia que rodopiava no ar.
Era uma sensação fria, tão fria.
Que acabei a chorar.
E nada mais sentia.


Assin: Artur Rebelo (2004-11-16)


Imagem é um desenho do pintor Eugenio Prati chamada Morte

sábado, novembro 13, 2004

Carta de mulata..

Escreve, escreve uma carta,
escreve e assina pelo fim
escreve essa linda acta,
escreve, escreve faz por mim.

Ai que carta linda,
perfumada e assim,
há-de ser bem vinda.
Pois quero-a para mim.

Escreve, escreve uma carta,
escreve bem e põe-lhe data,
escreve a linda mulata,
escreve, escreve e arrebata.

Ai que carta achada,
manuscrita de gata
há-de ser bem amada
uma carta nada chata.

Escreve, escreve uma carta,
Escreve e marca-a de batom
Deixa uns lábios de nata
Escreve, escreve que tens dom.

Ai que carta sentida,
Chega a ter bom som
Para sempre na minha vida
Receber cartas é tão bom...

António Moreno (2004-11-11)

Quadros



Quadros negros,
Quadros cinzentos
colados numa parede de som,
pinturas transparentes,
sem qualquer forma ou dom,
sem vergonha e com mentira,
tudo se apreende na âmago do teu ser
Quadros lindos são quadros feios,
quando o teu amor não o tenho ou vou ter
Quadros feitos por pintor famoso,
nada me dão nada quero ou virei a querer,
quadros feitos por mãos divinas,
são mais feios se a tua iris imaculada,
não os verem de prazer.
Porem mesmo sem saber, libertas o teu ser,
Esse corpo de criança,
Essa alegria inocente,
Está mais presente, que o meu ter.
Porém libertas de sentimentos ou mistérios.
toda a minha alma que apenas irá sofrer.
Pinceladas de tons por fazer,
São apenas esboços de vidas por acontecer,
Aos encontros de linhas nascidas,
de vidas sofridas, de mortes merecidas.
Quem morre, quem fica? São vidas.
Dou-te a minha vida, o meu sangue,
a minha alma, o meu espírito.
O que é o amor?
Os quadros das vidas ficam nas paredes,
nas paredes manchadas em dor.
Um ser, um palácio de tempos dasavindos,
Pequenos momentos da vida,
pequenas recordações de tempos passados, corridas.
Tu estás em todo o lado.
Tu para mim és o meu quadro.
Sou um quadro...

...são quadros,
são vidas.


Assin: Artur Rebelo

sexta-feira, novembro 12, 2004

Ferreirinha.

Ferreirinha é menina,
É menina a Ferreirinha,
Mostra, mostra pequenina,
Que te quero ter por minha.

É linda esta Ferreirinha,
Nasceu no doce norte,
Ferreirinha é fresquinha,
Que me calha grande sorte.

Heroína dos meus olhos,
Esta linda menininha
Vagueia por meus sonhos
Sonhos a fazem por rainha

Ferreirinha que ama o mar
Ai, ai, se fosse minha
Nunca mais nascia azar,
Ferreirinha da minha ladainha.

Ferreirinha é menina,
É menina a Ferreirinha,
Já te sonho em cada esquina,
Louco estou, pois estou Ferreirinha.

Ferreirinha é menina,
É mais menina que mulher.
Amá-la nasceu na minha sina
Dava a Alma e tudo quanto quer.

Ferreirinha é menina,
É menina a Ferreirinha.

Assin: António Moreno (12-11-2004)

Cannabis...

Erva

Divina dança dum rebento,
Nasceu na terra sem esperança
Agora balança neste vento
Nunca no momento ele se cansa...

Um simples rebento d’ erva
Desponta um sorriso cá dentro
Vegetal frio forte sem rega
Faz nascer um pensar lento...

Esta fininha erva daninha
Vive, vive e a mim se delega,
Penso que penso que é minha
Cresce ao vento e se entrega...

Esta plantinha muito me ensina
Tal balanço débil da plantinha
Mostra a vida de que se fascina
Mostra como pode ser a minha...

Assin: António Moreno

Imagem retirada do google.

Pseudónimo

AMIGOS LEITORES.

Devido a achar o meu nome muito feio, resolvi escolher um nome novo.

Nem todos os meus poemas serão escritos no meu pseudónimo que escolhi.

Mas para o "Artur Rebelo" não se sentir muito sozinho, resolvi criar um VERDADEIRO pseudónimo.

Apresento-vos o:


ANTÓNIO MORENO


Não vale a pena explicar onde arranjei o nome.

quarta-feira, novembro 10, 2004

...incompleto...

Olhar

Aos corais das águas cristalinas,
Diferentes da minha alma,
Os teus olhos emparedados
Nessa tua face rosada calma.

Me tornas puro e tão leve.
Alma minha trocaria por vaguear
Vaguear no teu olhar suave e breve,
Olhar escuro profundo em dor.

Tu de cetim vivencial ao teu ser
Palmilhas os rios da minha íris
Todo o caminho por percorrer,
Será feito num aveludado sonho.

Como um poço seco mas coeso
A minha janela da alma a juntar-se a ti,
Por meu coração estar assim tão preso.
A algo tão infernal e tão profundo.

Subir uma montanha em fogo,
Nada por ti em vão será
Toda as chamas que torram
Purificam a carne que te amará

Apodrecida a insónia da minha vida,
Rede horrível e profunda que me atará
Aos cumes de luz embranquecida
Do teu leito do teu peito da minha...
...simples saída


Assin: Artur Rebelo
El Rei D. Sebastião

1. INIZIO

Após preventoras vitórias
Nada melhor que pela religião
Buscar outras dignas memórias
Assim pensou Gran’ Senhor

Empunhou a espada pela nação
Buscou pelas províncias valorosos
Ninguém o parou ou disse que não
Pois buscava um digno Terror


2. ANDATO

Parte firmemente para o deserto
O Coração por dentro sofre
Sabe que tem que fazer o certo
Derramar o sangue com paixão.

Na viagem ondas alvas existem
Juras entre valorosos se processam,
Árabes a matar até que chorem
Tudo preparado de antemão.


3. LOTTA

Luta torna-se pérfida e dura
Os deuses atolam os valorosos
A luta dos déspotas nada pura
Causa em luso sangue um rio

Lusos talentosos por vezes
Contra árabes fracos que o são
Mas sem a ajuda dos Deuses
O calor do Deserto ficou frio.


4. GUASTO

Num segundo se cria um mito
Momento de eterna história
Dor de estocada que causa um grito
Causa sinal de morte a este Gran’ Real.

A estocada vil de Espada curva
Blasfémia ao el Rei D. Sebastião
Terminou com o dia que se enturva,
Apodrece a carne e o sonho afinal


5. NAZIONE

Gritos emaranhados de loucura,
Lancinantes olhares de ódio,
Rituais sentidos em candura,
Da dor de uma perda tão Nobre.

Ah Soldado, que busca o impossível
Esses teus cabelos brilhantes
No chão prostrados, é horrível,
Morto Rei por espada em Cobre.


6. ESTREMITÀ

Oh Deuses comandantes do Destino,
Deixaste morrer este menino
Um valoroso Rei louro e fino,
Que apenas uma Pátria queria.

Em uma incessante corrida
Passaram céleres os Séculos,
Ainda se espera que venha um dia
Esse Senhor em Sangue coberto


Assin: Artur Rebelo


segunda-feira, novembro 08, 2004

mulheres

I. MULHER


Às fontes que despejam água do céu,
Aos corpos sedentos do toque de fada,
És a mulher nua com apenas um véu
Aos olhos vazios de amor, sem nada,
Conseguiste prender-me como um réu,
Retiraste este homem da vida arada.

Ó mulher que fazes tudo quanto quer,
Que me destrói o amor pela vida
Que me deixas prostrado do teu querer
Se a vida fosse um dom meu, querida
Dava a minha para ti e para o teu prazer
És mulher felosa, pérfida e tão sentida.

Se pelo menos a minha vã escrita,
Valesse algum beijo teu, são bons,
Eu escreveria toda a vida desdita,
Para sentir os beijos e os teus dons.
Eu escrevo o que cá dentro grita,
Valem beijos as palavras e os sons.

Aos ímpetos do amar, sucumbi
Aos prazeres do teu corpo sonhei
Até agora não sonhava e não vivi
Aos pássaros que voam os invejei
Da liberdade que sentem e logo vi
Que preso a ti estou e sempre estarei.



II. MULHERES

Fazemos tudo pelo som do amor
Fazemos tudo pelo dom da sina,
Amamos a mulher e em seu redor
O nosso sexo se revê e empina,
Sua vagina emana gotas de ardor
Sexo é poesia iguala a bonita rima.

Um homem facilmente é enlevado,
A uma lufada dança subtil de quadris
Um homem facilmente sente-se errado
Por choros de mulher falsos e tão vis.
Os homens adoram o sonho rosado,
Do perfume e dum brilhante verniz.

A mulher com a sua húmida gruta,
Tão brutas com a sua falsa pureza,
Mas mais se assemelham a uma puta,
Trocam tudo por sexo, é a sua natureza,
Homens cuidado elas transpiram luta,
Tratem-nas com uma cruel tristeza.

Nem todas as mulheres são assim,
Eu sei, o amor é incrível de sustê-lo,
Mas falo das mulheres que conheci,
Pois ao amor aprendi a temê-lo
E como sempre para ele eu vivi,
Me fizeram nunca mais querer vê-lo.



III. FINALE

Seremos sempre escravos duma,
Deus as fez assim como medusa,
Empedrados e presos seremos a uma,
O ao olhar que mostram de confusa
Porque ela é serpente se simula e arruma
Enfeitiçados somos num olhar que usa.

Homens fica o aviso dum vosso fraterno,
O coração é meloso mas muito dado,
O amor de mulher nunca é eterno,
Mesmo se Deus vos fizesse um iluminado.
Nunca se fiem no seu suspiro terno,
Um homem cai, mas nunca fica prostrado.

Assin: Artur Rebelo [Cap. A] 2003

Imagem: Trabalho de Jonathan Roehm com o titulo de "Medusa"

quinta-feira, novembro 04, 2004

Recusa...

Pára


Ninguém procura o amor, a fantasia,
Talvez o procure numa cálida arca,
Ninguém o espera ou fica de vigia,
Pela dor do lamento muito parca.

O meu sentimento de amor acordou tarde,
Mas acordou bravio e imponente,
É tormento de alma que arde,
Que a torna amorosa e carente.

O arrepio do amor nasceu,
Pois nasceu...

...e não mais morreu...

Quando tu chegaste amor,
Não acreditei, pois não te conhecia,
Não te percebi, mas tive um terror,
O que se passava nesse dia?

A candura do amor cresceu,
Pois cresceu...

...mas quem sou eu?

Apaixonei-me por uma musa,
Enferrujaste de dor o sangue meu,
No horizonte está a sua recusa
E a sua silhueta se desvaneceu,

A perfeição do Amor se perdeu,
Pois perdeu...

...pois não me quiseste como teu.

Assin: Artur Rebelo

FOTO: Sinal vermelho de Varsóvia

Dentro de mim...

Inside_of_me


Na alma dum ruído
na dor do fogo,
na ira do meu fluido,
na chama do morro
na mentira do espírito ido
Jurei que tinha que esquecer,
que te iria ver esmorecer,
nas veias do meu intimo,
no escuro do meu libido,
no quente dos meus sentimentos
na maldade do meu gemido,
no demónio das minhas frases,
no impuro dos meus pensamentos,
no imoral dos meus gestos
na vergonha das minhas fases!
A minha vida agora são restos,
Apenas falsos momentos,
Jurei e continuo a jurar
que tu foste um erro,
sobre o qual eu irei pagar...
Não posso e nem o nego,
Jurei e continuo a jurar,
que morrerás dentro do meu ser,
que morrerás quando eu morrer
que morrerás e serás sepultada,
no âmago do meu querer,
no sangue das minhas veias,
por ser triste serás sempre amada.
na dor das minhas falsas teias!

Sai de dentro de mim,
Peço com toda a energia,
Sai com pós de prilim pim pim,
Era apenas o que queria...

de Artur Rebelo...

Pintura de autor desconhecido

Algo cá dentro...

Existe algo para te dizer,
Algo que não sei exprimir
Algo que me deixa a tremer.
Que nem me deixa dormir.

És tu princesa que me desatina,
Os teus caminhos de cetim
Ficas presa na minha retina,
Não sei o porquê de ser assim.

Bela, faz-me sentir vivo
Não sei como consegues
Mas apenas te persigo,
Pelos caminhos nada breves.

O primeiro olhar teu,
Foi uma dor que senti,
Tão bela que alguém se perdeu,
Apenas se perdeu por ti.

A tua beleza desmedida,
Indefinida, perfeita e segura,
Provoca explosão de vida,
E toda uma perfeita loucura.

Amo-te mais que o amar,
Sinto-te mais que o sentir,
Já não sei onde estar.
Nem sei se devo partir.

O sol nasceu, acordei
O coração continua doente
Não sei como assim fiquei,
Mas na mesma estou contente.

O que queres de mim,
Doido estou pois estou,
Eu nunca fui assim,
e apenas a loucura ficou

Tu és o meu pecado,
Tu és a deusa do sentir
Estou deveras prostrado
Já não posso mais mentir.

Eram palavras, que tinha para te falar,
Eram amarras, que tinha de soltar para viver.
Amo tanto sem saber como chorar.
Pois sinto a alma a morrer.

Assin: Arthe

Ouça lá...

Vida


Ouça lá, olha para cima
Os pássaros voam,
A vida é como a rima,
Os poemas por ela ecoam.

Ouça lá, escuta o mar,
Os peixes nadam,
A vida é como voar
Os minutos dela passam.

Ouça lá, respira a brisa,
A chuva dela adocicada,
A vida é indecisa,
Por nós tão amada.

Ouça lá, apalpa a lã
É suave e macia,
A vida nada vã,
Mas dura apenas um dia.

Ouça lá, cheira a flor
É doce e atraente
A vida é cor
É curta e pouco decente

Ouça lá, sente a dor,
Porque o sangue corre,
A vida era calor,
Depois a gente morre.

Olha lá meu Deus,
Porque nos criaste maravilhosos,
Afinal não são meus,
Os anos teus, mas são gostosos.

Assin: Artur Rebelo

Pintura: Luis M. Rodriguez (El Arbor de la Vida)

quarta-feira, novembro 03, 2004

Quarto Escuro...

Quarto Escuro


Veio a noite sem idade,
Arrasando o ar sem cor,
Nos movimentos de piedade,
Dos raios ao sol-pôr.

Na janela uma única estrela,
Na profunda escuridão,
O frio traiu sorvido nela,
Nas sombras cegas que o são.

Espírito e alma,
misturam-se na vida,
Alva e calma,
Tingidas pela noite sentida.

A noite traz um sopro descolorido,
Cheio de baixos rumores,
Em marés invisíveis tingido,
Nas sombras providas de cores.

O escuro arrasta-se terno,
Embriagado em mistérios,
Nos luares de Inverno,
Aos quartos nada sérios.

Realça sentimentos,
Este breu profundo,
sente-se o cheiro dos momentos,
dum desejo de fundo.
Onde o som puro, seguro,
É criado no quarto escuro.

Assin: Artur Rebelo (2004-02)

terça-feira, novembro 02, 2004

Ilusão...

Ilusão

Passa um turbilhão por mim,
Vai em enorme correria,
passa uma mulher por fim,
Não é para mim,
Mas eu a queria.

O turbilhão já passou,
e a mulher de fantasia,
Parou.
Olhou para mim,
com os olhos me fitou,
Lábios de nostalgia.
Nesse momento sem fim,
Abri os olhos enfim
e o sonho findou.

Assin: Artur Rebelo

Beijo fugido

Beijo

Beijo, beijo.
Da minha atenção,
Perdido de desejo,
Pois então...

Beijo francês,
Das línguas coladas,
É tudo duma vez,
Estão molhadas...

Beijo, vai e vem
Mais que posso
Quero mais então,
É o que provoco.

Beijo perdido,
Dá-me a mim,
É beijo fugido,
Só um? Enfim...

Beijo lançado
Para ti por fim.
É beijo de amado
Porque amo assim?

Beijo mais que tudo
Vai e vem
Sou um sortudo,
Pois beijas meu bem.

Assin: Artur Rebelo

Amor para Amor

Amor para Amor

Example


As páginas da vida provada,
Um pingo de sangue em brilho,
A cor de uma novena cantada,
Cantada pelo amor a um filho.

Filho caído pelo sol nascente,
A mãe embala em carinho e amor,
O pai chora de dor pelo que sente,
Um filho morto ainda em flor.

Na rua infeliz a alma voa
Após o grito de dor pelo estalido
Estalido onde o som de bala ecoa
Após o som triste do duelo perdido.

A morte é a mais digna amante,
Quando se duela pela sua flor,
A alegria de sorrir à bala trespassante,
Acaba-se o sentir, acaba-se a dor.

Nada conforta o sentir de mãe,
Nada conforta a noiva flor
Acaba-se a esperança também
Ambas perdem o seu grande amor.

Na poça em sangue prostrado está
O seu corpo alvo e querido.
Mãe chora por quem não virá,
No dia manchado de vermelho maldito.

Um filho com amor se fez,
Um filho que por amor se perdeu
A honra é maior que a sensatez,
Nos seus corações para sempre ele viveu.

Assin: Artur Rebelo

segunda-feira, novembro 01, 2004

Homens Bandidos

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Homens de espanto
que não vivem para ninguém,
Homens de recanto sem encantos,
que fogem de alguém.

Homens sozinhos,
que se afastam de todos,
Homens bandidos,
Piores que os lobos.

Homens sem bagagem,
num canto da rua,
Homem de estalagem,
Como se a noite fosse tua.

Homens que devoram,
o frio do inverno,
que quando expiram,
rumam ao inferno.

Homens loucos,
Num hospício,
Não são poucos
perdidos no suplicio.

Homens desfigurados,
Que assustam uma criança,
São homens desamados,
sem qualquer esperança.

Homens do roubo
Que praticam malvadez
Perdem o couro,
A vida duma vez.

Homens violentos,
Profanam a virgem
São apenas momentos
Que nunca se dignem

Homens que padecem
da coragem do coração,
homens que falecem,
numa cela de prisão.

Homens da noite tristes
afogados na dor
como nunca viste
tudo é morte em seu redor.

São confundidos
no meio da escuridão,
Afinal não são bandidos,
Vivem apenas na dor da solidão.

Assin: Versejador (2004-11-01)