Pintei de negro o papel...
Enrosquei-me em ti, fiz de conta...
Enrosquei-me nos teus braços quentes,
Constatei os passos da afronta,
Como a temperatura minha que os aqueceu,
Ri do jardim coberto de serpentes,
Lá fora, o sentido do que não nasceu,
Em ti agora a minha inocência faleceu...
As pétalas negras das flores ausentes...
A tinta escorre por mim negra...
O alaranjado do céu desapareceu,
Depressa o céu escuro a terra rega,
A minha parca tinta desbota no teu papel,
Da saliva a palavra que a minha língua esfrega,
Borboleta que do meu jardim és fiel...
Ajoelhei-me aqui agora,
Mexi na terra molhada e fria, agradável a textura,
Que aqui da escura chuva que molha,
Enterrei o teu papel manchado de tinta escura.
E das pétalas negras fiz a recolha,
Para o nosso ninho de candura...
Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colectânea “Dores”)
2 Missivas:
♥ Uma estrela errante, escreveu…
Lindo, lindo
Adorei poeta!
jinho
Isa
♥ SL, escreveu…
Pintas o papel da minha essência todas as vezes que te leio...
JINHO, mais uma vez fabuloso!
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