I. MULHER
Às fontes que despejam água do céu,
Aos corpos sedentos do toque de fada,
És a mulher nua com apenas um véu
Aos olhos vazios de amor, sem nada,
Conseguiste prender-me como um réu,
Retiraste este homem da vida arada.
Ó mulher que fazes tudo quanto quer,
Que me destrói o amor pela vida
Que me deixas prostrado do teu querer
Se a vida fosse um dom meu, querida
Dava a minha para ti e para o teu prazer
És mulher felosa, pérfida e tão sentida.
Se pelo menos a minha vã escrita,
Valesse algum beijo teu, são bons,
Eu escreveria toda a vida desdita,
Para sentir os beijos e os teus dons.
Eu escrevo o que cá dentro grita,
Valem beijos as palavras e os sons.
Aos ímpetos do amar, sucumbi
Aos prazeres do teu corpo sonhei
Até agora não sonhava e não vivi
Aos pássaros que voam os invejei
Da liberdade que sentem e logo vi
Que preso a ti estou e sempre estarei.
II. MULHERES
Fazemos tudo pelo som do amor
Fazemos tudo pelo dom da sina,
Amamos a mulher e em seu redor
O nosso sexo se revê e empina,
Sua vagina emana gotas de ardor
Sexo é poesia iguala a bonita rima.
Um homem facilmente é enlevado,
A uma lufada dança subtil de quadris
Um homem facilmente sente-se errado
Por choros de mulher falsos e tão vis.
Os homens adoram o sonho rosado,
Do perfume e dum brilhante verniz.
A mulher com a sua húmida gruta,
Tão brutas com a sua falsa pureza,
Mas mais se assemelham a uma puta,
Trocam tudo por sexo, é a sua natureza,
Homens cuidado elas transpiram luta,
Tratem-nas com uma cruel tristeza.
Nem todas as mulheres são assim,
Eu sei, o amor é incrível de sustê-lo,
Mas falo das mulheres que conheci,
Pois ao amor aprendi a temê-lo
E como sempre para ele eu vivi,
Me fizeram nunca mais querer vê-lo.
III. FINALE
Seremos sempre escravos duma,
Deus as fez assim como medusa,
Empedrados e presos seremos a uma,
O ao olhar que mostram de confusa
Porque ela é serpente se simula e arruma
Enfeitiçados somos num olhar que usa.
Homens fica o aviso dum vosso fraterno,
O coração é meloso mas muito dado,
O amor de mulher nunca é eterno,
Mesmo se Deus vos fizesse um iluminado.
Nunca se fiem no seu suspiro terno,
Um homem cai, mas nunca fica prostrado.
Assin: Artur Rebelo [Cap.
A] 2003
Imagem: Trabalho de Jonathan Roehm com o titulo de "Medusa"