Instantes Perdidos

Instantes que se perdem na vida rodopiante e alucinada... Instantes escritos em poesia na busca da perfeição.

quinta-feira, março 31, 2005

Aqui...



Pegajoso o sonho que é meu
Volúpia das mãos em ti,
Confesso que do desejo de ser teu,
foi desenhado na nitidez do amor que li.
No prazer que rodopiado esmoreceu
Num espasmo da gruta sem fim,
onde teci a tinta para te escrever,
Sonho teu corpo sem medos,
Tu és da pluma o saber,
Entrelaço os liquídos do meu ser,
No êxtase da profundeza em ti...
No fim,
Enterro os meus dedos no teu ser...
Vem do prazer que nasce aqui...
...sem mentir nem segredos ter.
Da minha lágrima branca que nasceu enfim...

Assin: Artur Rebelo
Incluído na colectânea "Calores")

terça-feira, março 29, 2005

Pintei de negro o papel...

Example



Enrosquei-me em ti, fiz de conta...
Enrosquei-me nos teus braços quentes,
Constatei os passos da afronta,
Como a temperatura minha que os aqueceu,
Ri do jardim coberto de serpentes,
Lá fora, o sentido do que não nasceu,
Em ti agora a minha inocência faleceu...
As pétalas negras das flores ausentes...
A tinta escorre por mim negra...
O alaranjado do céu desapareceu,
Depressa o céu escuro a terra rega,
A minha parca tinta desbota no teu papel,
Da saliva a palavra que a minha língua esfrega,
Borboleta que do meu jardim és fiel...
Ajoelhei-me aqui agora,
Mexi na terra molhada e fria, agradável a textura,
Que aqui da escura chuva que molha,
Enterrei o teu papel manchado de tinta escura.
E das pétalas negras fiz a recolha,
Para o nosso ninho de candura...

Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colectânea “Dores”)

segunda-feira, março 28, 2005

Aquece-me...

Teu nome está longe, assinado na pedra dura,
Não importa que sejas louca?
Não importa que sejas madura?
Escondo-me de ti todas as noites, estou farto...
Tão farto que a dor me emboca...
Escondo-me sob a almofada, no quarto...
É o coração escrito em fragmentos,
Que exorcizam a mente e a tolham numa praga,
Palavras nada valem perante sentimentos...
Não importa que estejas cansada?
Importa é que me inundas em vaga,
Escondo-me sempre inacessível e cansado,
Levanto-me nu e saio para a rua acinzentada,
Pessoas olham, o frio me violenta como uma adaga,
Não sei se grito de dor, ou de falta de amor,
No beijo entre nós dado, que me ficava tatuado,
Ficava na memória profunda lacrado a calor...
Um dia acordado, sentado sobre a imaginação,
Na pequena rua aquecido pelo amor,
Sonhei em mim o teu corpo em paixão,
Cheirei-te, Toquei-te, Abracei-te,
Mas era sonho...
Na pequena rua à chuva, esfriei,
Tenho frio, muito frio...
Mas assim fiquei, não importa...
Que ele se alastre em mim como um rio...
Sabes pensar em ti aquece-me,
Vou pensar em ti outra vez e deixo de ter frio...

Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colectânea “Dores”)

sábado, março 26, 2005

Comparar o Amor?


Comparei tua lingua com a minha,
A minha é maior,
Mas a tua...
A tua tem mais sabor...

Comparei tua Vagina com o meu,
O meu é maior,
Mas a tua...
A tua tem mais calor...


Comparei teu corpo com o meu,
O teu é maior,
Mas o meu...
O meu tem mais dor...

Neste jogo da comparação,
Há uma coisa que não se compara,
É o amor...
É o amor que mora no coração...



Artur Rebelo (2005-03-26)

quinta-feira, março 24, 2005

Não me lembro...

PensandoTeus olhos desfeiteiam a mágoa partida,
Gestora da minha profana incerteza,
E blocos de pedra esmagam a ocasião,
Depois de perdida, depois da beleza,
O pó do lençol espremido em lentidão
És sonho do passado atirado ao coração.
Talvez até nem sejas, já não sei,
Afinal nem quero saber o que sinto,
Tu minha menina, ficas onde és sentida,
Escancarada nua no meu corpo de cheiro,
O teu ventre rompido pela minha vida,
Tal como o Inverno sem Janeiro...
Tal como a lua de prata do céu caída,
Pela tua imagem o amor me fez prisioneiro...
Pensando


Assin: Artur Rebelo

Saudades da tua beleza.



Saudades? Apenas do teu calor,
Da tua alegria do conjunto da nossa dor.
Cresce em mim a saudade tua
Apesar da visão da tua dor
Sei que olhamos a mesma lua.
Saudades? É o sabor que sinto,
Tenho saudades tuas, tenho sim,
A dor de ver-te sofrer não recua,
Suspiros que teu sorriso me dava,
Agora a dor em ti está tão dura,
Que a tristeza em mim alastrava,
Minha alma para ti está nua...
A tristeza recente,
Deseja acalmar a dor crua...
Melhora linda, por amor,
Triste estou e estarei sempre,
Ao te ver sofrer e com dor...
Porque o teu sorriso não finda,
Quem me dera não ser eu
Quem me dera não seres tu
O coração não é meu,
Será para sempre...
...da tua alegria
Será sempre da Gente.
Para a tua dor passar o que eu não fazia....

Assin: Artur Rebelo
(Melhoras para ti Marina)

A imagem das barras de ouro é apenas para te relembrar
que a amizade vale mais que ouro. Um carinho para tu.

terça-feira, março 22, 2005

Toque...

Neve

Tua mão escreve na minha pele,
Que responde em arrepiado conceito,
Tal toque na existência é leve,
Como embalo dum odor quente,
Tão lindo que eleva-se perfeito...
Em mim em ti e da gente,
É o escuro da fria Neve,
Toca sempre...
...que eu aceito.
Deixas o prazer tão satisfeito,
Já não é toque,
É apalpão que sabe a breve.

Assin: Artur Rebelo
(Incluído na colecção Calores)

segunda-feira, março 21, 2005

Sujo o tempo...


Soltas as asas da rebeldia,
Num sonho da metamorfose,
Na sombra do triste meio-dia
Arde a impura por falta da dose.
A piedade dum escuro rosto,
Sua alma assim pulsa e se esvazia,
Em vapores do instante perde o gosto,
Chega de sonhar à vida que se perdia.
Sentada na berma duma estrada,
Da parede nua faz encosto,
Fulminante sua inocência frustrada,
Sem nada, apenas sem nada...
O seu corpo tolhido de tremura,
Ela sente-a forte, essa dor crispada,
Falta sempre tudo, a dose e a ternura.
A dor não pára porque abunda.
Tu menina com rosto de drogada,
Cara linda mas tão triste e dura,
Abismo por punhado de dinheiro
Vendes-te por puta mesmo não o sendo,
Abraças homens ao teu seio,
Para adiar a dor por mais um tempo...
O céu clareia quando te injectas
O sol brilha e até amaina o vento,
Desta realidade tu desertas,
Espelhas o mundo de sentimento,
Mas enquanto a dose faz efeito,
É que dura esse momento...
Sujo o tempo sem respeito,
Depois, punho fechado a direito,
Que tua face mais negra recebia,
Imagem de uma verdade medonha,
Ditada pela força da heroína,
Da falta de mais uma dose sem tento,
A dor volta outra vez sem vergonha,
Milhares de ciclos até ao fim do alento,
Até que a morte viole e se ponha...
E assim fica sujo o tempo.


Assin: Artur Rebelo
Incluído na colecção "Dores"

domingo, março 20, 2005

Sol de Janeiro



Um dia belo como tantos,
Dia de sol em Janeiro,
Que ofertava os prantos,
Perdidos no quarto que me seduz.
Aquecia dos corpos o cheiro,
Que libertavam suor e encantos
Deste Verão o dia primeiro...
...de muita luz.

O dia de sol em Janeiro
Oferecia-me a tua presença,
Secas o frio que a mim reduz,
Teu corpo e o meu na diferença
No amor de macho-femea que produz,
Neste dia primeiro,
De muita luz.


Artur Rebelo

sábado, março 19, 2005

Noite



À Noite...

Numa hora nocturna
Teu orgasmo liquido,
transpira e afunda,
Meu doce em ti sofrido,
Sou o diabo, quero tua alma,
Quero teu ser vivido...
Toco tua língua com a minha...
Toco teu sexo sem calma,
Senti esse teu cheiro secreto,
Toco-me onde és rainha...
Nas mil cores do meu afecto...


Assin: Artur Rebelo
(Inserido na colecção calores)

quinta-feira, março 17, 2005

Massajo teu corpo...



Massajo teu corpo
Com as minhas mãos,
Assim massajo meu gozo
Do corpo e alma sãos...
Desabrochada e real,
Talvez me dês o gosto,
Dum beijo na tua pele,
Raia a fraqueza sem mal,
Respiro o calor que fere,
Fresca e airosa a cor do teu sal...

Massajo teu corpo
Aqui tão dentro,
Massajo meu gosto
E fiz de ti meu alimento,
Não sei o que sou
Presente e imensa és,
Que meu coração roubou,
Assim nem comento
E tu que aqui imensa
Inundas-me de lés a lés...

Massajo teu corpo
E assim te toco,
Suspiro quase louco
Pujante aroma que foco,
Já feito estátua deito,
Fecho os olhos, são imagens
Do sabor do teu peito,
Sem fim essas mensagens
Do orgasmo teu,
Que cobre-me do teu cheiro.

Massajo o teu corpo
Dá gozo, eu gosto...

Assin: Artur Rebelo

quarta-feira, março 16, 2005

Meu peito ejaculou...


Paraíso aqui perto e fundo...
Quero aprender o segredo,
Do alimento profundo...
...a tua cama onde me entra,
Para descobrir sem medo,
A tua boca que em mim se deita...
Tuas coxas são meu mundo,
Não as largo tão cedo,
Entre lençóis teus sou um vagabundo,
Teu corpo retido tuas nádegas de aperto,
Gemidos de amor em ti ecoavam,
Puxei para mim o teu calor,
Sinceramente já não sei o que é certo...
Meus dedos húmidos deslizavam,
Tua cama o ninho onde me deito,
Onde jorra incessante o sexo.
Assim exposta, está o sabor perfeito,
Acaba o tempo numa convulsa,
Na cama do teu leito,
Ainda se escuta a respiração profunda,
Lençóis sujos de suor, amarrotados de prazer,
Junto ao acto emotivo em conceito,
Apenas sinto que no meu amor já liquefeito,
Fizeste ecoar os gemidos do meu ser
E meu peito ejaculou rarefeito...


Assin: Artur Rebelo
2005-03-16

terça-feira, março 15, 2005

Se confiasses...

Se confiasses em mim,
Para me dedicar a ti,
Se dissesses sim,
Da vontade que jaz aqui,
Vontade de te amarrar
Vontade de te ter
Vontade de te vendar
Talvez torcer,
Talvez amar,
Quero o saber,
Quero o gostar,
Quero o teu ser,
E ficar... Apenas ficar...

Se confiasses em mim,
Amarrava-te aqui,
Para no fim,
Correr para ti...
Enroscava ao teu leito,
A labareda do meu peito
Amarrava-te a mim,
Dedicava-me ao teu prazer,
Cobria-me do teu sabor,
É a dor de te querer,
No inferno do teu calor,
Sem fim...



Se confiasses em mim,
Dizias sim a este amor...
Indefesa,
Amarrada,
Entregavas-te
E eu amava-te,
Mas apenas...
Se confiasses em mim.

Assin: Artur Rebelo
2005-03-14

segunda-feira, março 14, 2005

Toco-me na solidão...



Em rugas de prazer
Me abraças firme,
Medo? Medo o saber
Do fogo que progride...
O fogo é apenas sonhado,
A objectividade que não existe...
Sou homem mulher com fálico crer,
Sou homem que é violado
Pelo golpe de a ti não ter,
Já não me lembro como é ser tocado,
Já não me lembro como é teu ser...
Agora somente o estremecer isolado...
Desce a mão ao objecto de guerra,
Subiu a minha sensação de prazer,
Sem o teu cheiro, a libido enerva,
Teu ser em imagens me encerra.
Imagens na mente de te foder,
Onde a masturbação me leva...


Assin: Artur Rebelo
2005-03-10

sábado, março 12, 2005

Passou um vulto cor-de-rosa...

Passa um vulto cor-de-rosa,
Da tremura onde passo a cair,
Vento que agita esta vida preciosa,
Passa essa aura dolorosa,
Rangido do sonho onde não posso fugir...
Passa um vulto cor-de-rosa,
Golpeia no instante o meu olfacto,
Devasta os sentidos mas sem me ferir,
Nuas impressões que me assolam de facto...
Ao perfume que não cesso de o sentir...
Passa um vulto cor-de-rosa,
Mas atrás da eu janela bem oculto,
Desta vez sem a timidez gostosa,
Fui olhar, admirar o vulto,
Era uma mulher tão linda cheirosa,
Quem me dera não ser menino e ser adulto,
Para me atentar à menina vestida em rosa...
E assim passou o sonho cor-de-rosa...



Assin: Artur Rebelo

quinta-feira, março 10, 2005

Paguei com a alma...



Paguei com a alma estes bons sentimentos,
Acordei contigo em valorosos momentos,
Senti a condução dos espasmos em mim,
Percorriam o corpo sem tino nem fim...

Adormecida nos meus braços a nostalgia,
Velocidade infinita em que ela crescia,
De desmaio que a minha íris fundia,
Sem tino o corpo morto já nem obedecia...

Devidamente o meu corpo assinado,
Assinado do teu suor e do teu calor.
Onde estás? Mais uma vez desnorteado...

Volta para aqui. Assina em mim talvez...
Está escrito, paguei com alma o amor,
Quero o teu corpo, outra e mais outra vez.

Assin: António Moreno

quarta-feira, março 09, 2005

Tenho um reflexo...



Só tenho um reflexo,
Da passada razão que me abraçava,
Senti tua sedução no meu sexo
Promíscua mulher onde me despejo
Encurtada distancia que me apertava
Totalmente em desejo...

Só tenho um reflexo,
De sentir teu corpo que já me tocava,
Possibilidade da sensação sem nexo,
Atado ao teu calor com grossa corda,
Onde teu prazer me acariciava,
Até terminar esta foda...

Antes do termino deste prazer,
Tu em mim, eu em ti...
Só tenho um reflexo, apenas gemer...

Assin: Artur Rebelo

sexta-feira, março 04, 2005

Um poeta não fode...

Momentos de morte existem,
Em toda a vida do raio solar...
As chamas do sentimento resistem,
Percorrem o caminho desconhecido do amar,
Numa porta encerrada por mim somente...
Pulsante esse som que é chama,
Percorre a floresta inundada de lama...


Momentos de morte existem
Procuram o alívio na falta,
Mas os poetas persistem,
Em escrever a uma dor mais alta...
Mas a chama do sentimento está acesa,
E ao teu lado a dor nasce e salta,
Uma dor verdadeira em mim presa...


Momentos de amor existem,
Que desabrocham num instante...
Contente estou? Ela sorriu e me tem,
Sou homem hirto e penetrante...
Mulher a poesia duma só maneira,
É amante e amada da vida inteira,
Estou certo que talvez me queira...


Será para sempre assim? Esta sorte...
Sou poeta e o poeta não fode.




Assin: Artur Rebelo

quinta-feira, março 03, 2005

Ternura


É um beijo...
Tão doce e tão leve,

É um beijo...
Tão grande e tão breve,

É um beijo...
Que a minha mente persegue,

de alguém,
Tão linda e tão bem,

De alguém,
Que com um olhar me tem.

É uma caricia...
Tão suave e tão recta,

É uma caricia...
Tão querida e correcta

É uma caricia tua...
Que o corpo acha certa,

De alguém
Tão perfeita e tão nua

És alguém...
que é para sempre o meu bem...


Assin: Artur Rebelo
Nota: A foto é um desenho feito a carvão por uma amiga de seu nick Anuxita. Esta foto tem todos os direitos atribuídos à própria.